Por uma imprensa livre e democrática

Senadora Leila Barros

Você gostaria de morar em um país onde as verdades são silenciadas e apenas uma voz – justamente a de quem detém o Poder – é ouvida? Pois bem: o Brasil já foi assim, inclusive num passado não tão distante, durante o período mais severo da ditadura militar. Todos nós, que defendemos a liberdade e a democracia, temos o dever de não permitir que isso volte a acontecer. Por isso, 7 de junho é tão importante, pois é quando o Brasil celebra o Dia Nacional da Liberdade de Imprensa.

Convido você a fazer, comigo, uma reflexão sobre a luta da resistência contra a censura e a repressão que marcaram os anos de chumbo de 1964 a 1985. Durante esse período sombrio, a liberdade de expressão e a imprensa foram duramente atacadas. O regime militar impôs uma censura brutal, silenciando vozes dissidentes e controlando rigidamente a informação.

Diante das dificuldades, jornalistas e editores encontraram maneiras criativas de resistir. A história do nosso país registra, por exemplo, que alguns jornais impressos trocavam as notícias censuradas por receitas de bolo. Quando não podiam publicar certas informações, substituíam-nas por receitas, poesias ou piadas, enganando os censores e mantendo viva a luta pela liberdade. Esses atos de resistência, embora aparentemente triviais, simbolizavam a determinação dos jornalistas em desafiar a censura e manter viva a chama da liberdade de expressão.

A limitação da informação era ferramenta fundamental para a manutenção do regime. Apesar das adversidades enfrentadas durante esse período, a imprensa brasileira emergiu destes anos sombrios com um compromisso renovado com os princípios democráticos e a liberdade de expressão. E mesmo após o fim da ditadura, a imprensa brasileira se manteve firme em seu compromisso com a democracia. A Constituição de 1988 consagrou a liberdade de imprensa como um direito fundamental e estabelecendo as bases para uma sociedade mais plural e democrática.

Apesar dos avanços, a luta não pode acabar. No ano passado, o Brasil ocupou a 82ª posição no ranking internacional de liberdade de imprensa, uma melhoria de 10 posições em relação a 2022. Esse progresso é reflexo da mudança de governo, com a saída de Bolsonaro e a entrada de Lula. Sob Bolsonaro, jornalistas, especialmente mulheres, enfrentaram constantes ataques. Quem não se lembra do episódio vergonhoso no debate presidencial, onde Bolsonaro atacou a jornalista Vera Magalhães? Esse comportamento só reforça a importância de defendermos uma imprensa livre e respeitosa.

Apesar da melhoria no ranking, ainda enfrentamos muitos desafios. Jornalistas continuam enfrentando ataques físicos e virtuais, e a concentração da propriedade dos meios de comunicação ameaça a diversidade e independência editorial. Além disso, as fake news e o discurso de ódio minam a credibilidade da imprensa e manipulam a sociedade.

Em teoria, os processos de democratização ao acesso à informação e distribuição de notícias, trariam mais solidez ao campo da comunicação. Na prática, o mau uso das redes sociais, aplicativos de mensagens e fóruns, blogues e outros espaços virtuais, aliados ao uso das inteligências artificiais de maneira descompromissada com a ética, alimentam novos movimentos que comprometem a verdade e manipulam a sociedade. 

Portanto, neste Dia da Liberdade de Imprensa, é fundamental reafirmar nosso compromisso com os valores democráticos e a defesa da liberdade de expressão em todas as suas formas. A imprensa livre e independente continua sendo um pilar essencial da democracia, e devemos estar vigilantes na proteção deste direito fundamental, respeitando o legado daqueles que lutaram incansavelmente por ele.