O ex-ministro da Saúde Eduardo Pazuello disse nesta quinta-feira (20) à CPI da Covid que não é o único responsável pela explosão da covid-19 no Brasil durante sua gestão. “Todos os gestores em todos os níveis são responsáveis, cada um no seu nível de responsabilidade”, afirmou, respondendo pergunta da senadora Leila Barros (PSB-DF) sobre quais outros seriam responsáveis. “Há responsabilidade em todos os níveis? Claro que há, cada um em seu nível”, completou.
A parlamentar lembrou que ao assumir o cargo, em maio de 2020, Pazuello encontrou a crise sanitária com cerca de 233 mil casos e 15 mil mortes em decorrência da Covid-19. Depois de 303 dias, deixou o posto na fase mais crítica da pandemia, com quase 300 mil óbitos, 11,5 milhões de infectados e menos de 5% da população imunizada.
A senadora Leila Barros questionou ainda se o presidente da República, Jair Bolsonaro, pode ter influenciado o uso e a distribuição de cloroquina, um dos medicamentos usados no “tratamento precoce” contra a covid-19. Para ela, o próprio Ministério da Saúde evitou ter diretrizes claras contra a prática.
Pazuello voltou a dizer que a atuação do ministério na sua gestão era autônoma, mas admitiu que, no caso dos medicamentos, áreas da pasta podem ter agido sem a sua autorização. “Eu não fiz e não faria e não deixei fazer. Se aconteceu dentro de um outro nível do ministério que não estava sob a minha mão naquele momento, isso foi sem a minha autorização. Agora, eu não concordo com isso. Eu não comprei nenhum grama de hidroxicloroquina”, disse o general.
A parlamentar do DF também indagou sobre os motivos de o Ministério da Saúde ter desativado o seu painel de casos e óbitos confirmados por covid-19. Isso aconteceu abruptamente em junho de 2020, mas a divulgação voltou ao ar pouco depois por ordem judicial. A partir de então, um consórcio formado por veículos de imprensa passou a ser a fonte principal para esses dados.
“Se o senhor foi aconselhado por alguém para não mais apresentar esses dados, isso é muito preocupante. O Ministério da Saúde tem a obrigação de dar transparência a todo o processo. Ficaram muitas notícias paralelas, muita desinformação, confundiu muito a cabeça dos brasileiros. Eu acho que faltou esse compromisso do ministério na divulgação desses números”, afirmou Leila Barros.
Segundo Pazuello, a plataforma dependia das informações enviadas pelas secretarias municipais e estaduais de saúde, num processo que não era uniforme. Por isso, disse ele, a pasta preferiu interromper a publicação diárias das atualizações.
Assista os questionamentos da senadora Leila ao ex-ministro da Saúde, general Eduardo Pazuello.