Entrevista: Correio Braziliense

A coluna Eixo Capital, do jornal Correio Braziliense, abriu espaço para senadora Leila Barros falar sobre o Projeto de Lei 241/2021, que cria mecanismos para o governo federal ofertar vacinas à delegação brasileira que irá a Tóquio participar dos jogos olímpicos e paralímpicos. A parlamentar explicou que o projeto resguarda a ordem de vacinação dos grupos prioritários e ainda prevê mecanismos para não comprometer o estoque de imunizantes disponíveis no SUS.

De acordo com Leila, o ponto de vista sanitário, seria mais prudente adiar outra vez o período de realização da Olimpíada de Tóquio. No entanto, os jogos estão mantidos. “Imunizar nossa delegação proporcionará não apenas uma proteção aos nossos atletas, mas contribuirá para reduzir os riscos de, no retorno ao Brasil, eles trazerem inadvertidamente novas cepas do vírus.”

Leia abaixo a entrevista completa:

Por que atletas olímpicos devem ter prioridade na imunização contra COVID-19?

Leila – A prioridade sempre foi, é e continuará sendo aquele grupo que inclui os idosos, as pessoas com comorbidades e os profissionais da saúde e da segurança pública que atuam na linha de frente do combate à pandemia. O que estou propondo é que, concluída essa etapa, o governo federal tenha autorização legal para vacinar e permitir que imunizantes sejam comprados pela iniciativa privada para os nossos atletas olímpicos e paralímpicos. Imunizar nossa delegação proporcionaria não apenas uma proteção aos nossos atletas, mas contribuiria para reduzir os riscos de, no retorno ao Brasil, eles trazerem inadvertidamente novas cepas do vírus.

Não é um benefício que outros setores da sociedade, inclusive outros atletas, vão reivindicar?

Leila – A situação dos atletas paralímpicos e olímpicos é bastante diferente e única. Eles representarão o Brasil em jogos que reunirão cerca de 11 mil atletas de mais de 200 países. Delegações vindas de lugares em diferentes estágios da pandemia, e provavelmente com variantes diferentes do vírus.

Os especialistas dizem que a imunização não impede que a pessoa transmita a doença. Apenas garante não desenvolver a COVID na forma grave. Então, a priorização de atletas vale a pena para a sociedade?

Leila – A imunização não é uma garantia plena de que os atletas vindos do Japão não contaminarão outras pessoas no Brasil. Porém, ela poderá reduzir significativamente essa possibilidade.

Testes e quarentena para atletas não seriam suficientes?

Leila – Qualquer protocolo, desde que bem executado, contribui para minimizar os riscos de disseminação da covid-19 por meio da prática esportiva. Mas nenhum deles oferece a garantia plena de que não haverá contaminação.

Acha que é o momento de realizar os jogos olímpicos, quando começam a surgir mutações do novo coronavírus e o número de mortes continua alto?

Leila – Cabe ao Comitê Olímpico Internacional – ouvindo as confederações nacionais, o governo japonês e os patrocinadores do evento – tomar essa decisão. Compreendo que não é uma escolha fácil. Somente o Japão amargou um prejuízo de US$ 2,8 bilhões com a transferência das datas de 2020 para 2021. Uma grande perda no momento em que o mundo vive uma grave crise econômica.

Não seria mais prudente adiar a Olimpíada de Tóquio novamente?

Leila – Do ponto de vista sanitário, seria, sim, mais prudente adiar outra vez o período de realização da Olimpíada de Tóquio. No entanto, existe uma preocupação dos organizadores que pensam nos investimentos feitos em infraestrutura, no tempo de preparação dos atletas e uma eventual proximidade com os jogos de 2024.