O Senado Federal entrega o Diploma Bertha Lutz a cinco mulheres que deram contribuição relevante à defesa dos direitos e das questões de gênero no Brasil. A sessão de condecoração está marcada para 6 março, as 10 h, no Plenário da Casa.
Os nomes foram escolhidos pela bancada feminina no Senado. Uma das agraciadas é a professora Gina Vieira, reconhecida por seu trabalho em promover uma educação antirracista e inclusiva no Distrito Federal. Indicada pela senadora Leila Barros (PDT-DF), Gina Vieira é elogiada pelo seu compromisso com a igualdade.
“Gina é uma educadora exemplar, cujo trabalho reflete a superação de desafios e a determinação em fazer a diferença por meio da educação. Indiquei a professora por tê-la como uma verdadeira referência na promoção da igualdade de gênero e na construção de uma sociedade mais justa e inclusiva”, destaca.
Senadora Leila
Filha de uma doméstica e de um pedreiro, Gina recebeu dos pais semianalfabetos tudo o que lhe era possível ser ofertado. Ela começou a lecionar nas escolas públicas do Distrito Federal e logo percebeu que teria a responsabilidade de, por meio da educação, proporcionar uma mudança de vida. Em 2014, apostou em uma nova metodologia para despertar o interesse dos alunos sobre como as experiências femininas e para valorizar o papel da mulher na sociedade.
Inicialmente, a professora levou para as aulas obras escritas por mulheres como Malala Yousafzai , Anne Frank, além de Carolina Maria de Jesus e Cristiane Sobral. A cada leitura, Gina promovia uma roda de conversa sobre mulheres expoentes em suas profissões. Em seguida, sugeriu aos alunos estudar a biografia de dez grandes mulheres bem diferentes umas das outras.
A intenção era fazer com que os jovens compreendessem que, independente de onde a mulher esteja, ela pode ocupar um papel e exercer funções que causem impacto positivo na sua comunidade. Outra etapa do projeto consistiu em levar os alunos a conhecer e entrevistar mulheres inspiradoras da comunidade onde moram. O trabalho resultou em um livro com mais de 100 histórias que envolviam mães, tias, avós e amigas dos estudantes.
O projeto, batizado como “Mulheres Inspiradoras”, cresceu e ganhou destaque no Brasil e no mundo conquistando prêmios. O primeiro deles, em 2014, foi o 4º Prêmio Nacional de Educação e Direitos Humanos, apoiado pelo Ministério da Educação. Em seguida, veio a conquista do 8º Prêmio Professores do Brasil e do 10º Prêmio Construindo a Igualdade de Gênero. O projeto também foi o vencedor do Prêmio Ibero-americano de Educação em Direitos Humanos. No total, o Mulheres Inspiradoras já levou para o Centro de Ensino Fundamental nº 12, de Ceilândia, mais de R$ 100 mil em prêmios.
As vencedoras do Prêmio Bertha Lutz 2024:
- Gina Vieira – Professora da Secretaria de Educação do DF
- Dra. Dulcerita Soares Alves – Promotora de Justiça do Min. Público da Paraíba
- Dra. Eugênia Nogueira Villa – Delegada de Polícia do Piauí
- Dra. Luciana Christina Lóssio – Advogada e ex-ministra do TSE
- Dra. Maria Mary Ferreira – Professora da UFMA
Quem foi Bertha Lutz
A bióloga e advogada paulista Bertha Maria Julia Lutz foi uma das figuras mais significativas do feminismo e da educação no Brasil do século XX. Aprovada em concurso para pesquisadora e professora do Museu Nacional em 1919, tornou-se a segunda brasileira a fazer parte do serviço público no Brasil.
Teve contato com o movimento feminista ao estudar na Europa. No retorno ao Brasil, fundou a Federação Brasileira pelo Progresso Feminino (FBPF). Uma das principais bandeiras levantadas por Bertha Lutz na época era garantir às mulheres o direito de votar e de ser votada. Isso só ocorreu em 3 de maio de 1933, na eleição para a Assembleia Nacional Constituinte.
Bertha Lutz foi eleita suplente para a Câmara dos Deputados em 1934. Em 1936 assumiu o mandato de deputada, que durou pouco mais de um ano. Ela faleceu em 1976, no Rio de Janeiro.