Os atletas paralímpicos brasileiros, que conquistaram 72 medalhas nos Jogos de Tóquio, foram homenageados pelo Senado em sessão especial nesta segunda-feira (4). Os discursos de esportistas e dirigentes salientaram a importância das políticas públicas de incentivo para o desempenho positivo do país nas Paralimpíadas – em 2021 o Brasil atingiu a sétima colocação no quadro de medalhas, com 22 de outro, 20 de prata e 30 de bronze.
A senadora Leila Barros (Cidadania-DF), autora do requerimento de sessão especial, cumprimentou os paratletas como exemplos de superação e resiliência, que trouxeram conquistas mesmo enfrentando dificuldades extraordinárias em tempos de pandemia.
“Nem esses desafios adicionais desestimularam ou diminuíram a garra e a vontade da nossa delegação. O resultado é que vocês nos emocionaram, fazendo ecoar em Tóquio o Hino Nacional, ou quando se abraçaram com a nossa linda bandeira para celebrar, como se esse abraço fosse em cada um de nós”, disse.
Leila também sublinhou a importância do cumprimento integral do Estatuto da Pessoa com Deficiência, e manifestou sua posição favorável à inclusão dos alunos com deficiência no Plano Nacional do Desporto.
No mesmo sentido, o senador Romário (PL-RJ) cobrou mais incentivos aos “heróis” paralímpicos, argumentando que “aplausos, cumprimentos e tapinhas nas costas não pagam as suas contas”. O senador Nelsinho Trad (PSD-MS) saudou o desempenho do paratleta Yeltsin Jacques, de seu estado, que conquistou dois ouros em Tóquio. E a senadora Mara Gabrilli (PSDB-SP) destacou o esporte como meio de promoção social da pessoa com deficiência.
“Quando uma criança com deficiência olha um campeão como vocês, é difícil dimensionar o tamanho da transformação que isso faz no coração dessa criança”, afirmou.
O presidente do Comitê Paralímpico Brasileiro (CPB), Mizael Conrado, associou o ciclo positivo do Brasil em paralimpíadas – nos Jogos de Atlanta, em 1996, o país estava na 37ª posição mundial – às conquistas legislativas através do Sistema Nacional do Esporte, da Bolsa Atleta e da Lei Brasileira de Inclusão.
“O esporte amador, salvo raríssimas exceções, é financiado por recursos de origem pública. No Brasil, isso talvez seja ainda mais acentuado que na maioria dos países, pelo menos daqueles que integram o top dez do mundo. E o Parlamento brasileiro tem uma grande responsabilidade”, declarou.
Andrew Parsons, presidente do Comitê Paralímpico Internacional, lembrou a situação inédita do adiamento dos Jogos de Tóquio, que levou os atletas a passar 18 meses treinando em meio a rumores de cancelamento das competições. O deputado federal Julio Cesar Ribeiro (Republicanos-DF), autor de requerimento de homenagem aos atletas paralímpicos na Câmara dos Deputados, defendeu a disposição do governo federal de apoiar a categoria apesar das dificuldades. E José Agtônio Guedes Dantas, secretário nacional do Paradesporto do Ministério da Cidadania, lembrou que, apesar do bom desempenho nos Jogos Paralímpicos, 75% dos municípios brasileiros ainda não têm política esportiva de atendimento à pessoa com deficiência.
“Nós precisamos transferir essas responsabilidades, sensibilizar o gestor público, por meio de cursos de capacitação, para que eles possam estimular dentro da sua estrutura, a criação de projetos”, declarou Guedes Dantas.
Com cinco medalhas em Tóquio (três ouros, uma prata e um bronze), a nadadora Maria Carolina Santiago saudou o trabalho da comissão técnica e o investimento feito nos atletas.
“Todo esse investimento permite que a gente possa treinar com exclusividade, voltado unicamente para os nossos resultados e, por isso, os resultados vêm como vieram”, afirmou a nadadora.
A paraciclista Jady Malavazzi, que em Tóquio participou pela segunda vez dos Jogos Paralímpicos, manifestou sua esperança de que o Parlamento e os governos continuem apoiando a categoria para que o desempenho do Brasil em 2024 seja ainda melhor. O atleta do hipismo, Sérgio Oliva, que participou de três Paralimpíadas, classificou as políticas públicas de Estado como essenciais para o esporte nacional e pediu a criação de uma bolsa voltada para os técnicos.
Nathan Torquato, ouro no parataekwondo, espera que o esporte brasileiro continue se expandindo como meio de alegria e inclusão. Bicampeão paralímpico em lançamento de disco, Claudiney Santos salientou que “não basta só a gente querer” sem um incentivo financeiro que permita ao atleta representar o país.